sábado, 26 de maio de 2012

sexta-feira, 4 de março de 2011

A gravidez afeta a saúde dos dentes?

A gravidez afeta a saúde dos dentes?

Yvonne Buischi* e Carolina Botelho**

Evitar alimentos açucarados e cuidar adequadamente dos dentes impedem que a saúde bucal da futura mãe piore na gravidez.

Yvonne e Carolina
Feto não retira cálcio da mãe.

Não, o dito popular “a cada gravidez se perde um dente” não é verdadeiro. Embora a piora da condição de saúde bucal seja freqüentemente observada durante a gravidez e logo após o nascimento da criança, a gravidez por si só não provoca problemas nos dentes nem nas gengivas.
As alterações hormonais que ocorrem na gravidez só aumentam os sinais de uma inflamação já existente na gengiva. Portanto, se no início da gravidez a gengiva estiver sadia e a limpeza adequada dos dentes for mantida durante este período, a gengiva não ficará inflamada. Por outro lado, pesquisas recentes mostram que gestantes com um tipo de doença de gengiva chamado de periodontite (além de a gengiva estar inflamada também o osso que suporta o dente é reabsorvido) têm maior chance de dar à luz bebês prematuros e de baixo peso.

A gravidez também não enfraquece os dentes, pois o cálcio não é retirado dos dentes da mãe pelo feto. A gestante está mais sujeita a ter cáries porque come com mais freqüência, geralmente dando preferência a alimentos que contêm açúcar, como bolachas e doces (mais açúcar para as bactérias produzirem cáries). Além disso, descuida da limpeza dos dentes (acumulando mais bactérias da cárie).
A futura mãe deve aproveitar este período para desenvolver novos hábitos de alimentação, evitando alimentos açucarados, o que só trará benefícios, como a diminuição do risco de ter cáries e o controle de peso. O açúcar natural dos alimentos é suficiente para suprir as necessidades da gestante e as do bebê. Além disso, é essencial limpar diariamente os dentes com fio/fita dental e escova macia, utilizando creme dental com flúor.
Os cuidados com a saúde bucal do bebê devem começar já durante a gravidez, com o objetivo de educar para a saúde não só a futura mãe, mas toda a família. A educação para saúde é uma arma importante para o controle e prevenção das doenças que afetam os dentes. A gravidez parece ser o período mais apropriado para se iniciar este processo. Neste momento, os futuros pais e principalmente a futura mãe estão predispostos a mudanças e a grandes esforços em favor do filho que está para nascer, o que facilita a obtenção de resultados positivos, não só para a saúde geral mas também para a saúde bucal.
Com a estética, incluindo um sorriso branco e atraente, em alta, é importante lembrar que nada é mais bonito do que uma boca saudável, sem cáries e sem doenças da gengiva. Nenhum tratamento odontológico, por mais sofisticado que seja, produz resultados melhores e a menor custo do que manter a saúde bucal.

*Yvonne Buischi é especialista em periodontia pela Faculdade de Odontologia da UNICAMP, doutora em bioquímica pela USP, professora associada ao Centro de Odontologia Preventiva de Karlstad - Suécia, ex-presidente da Associação Brasileira de Odontologia Preventiva, consultora da Organização Mundial da Saúde e diretora do Per Axelsson Oral Health Promotion Center – São Paulo.

**Carolina Botelho é especialista em odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da UNIP e membro do Per Axelsson Oral Health Promotion Center – São Paulo.


ISTOÉ Gente – outubro de 2003.

A acupuntura na odontologia

A acupuntura na odontologia

Lin Hui Ching e José Tadeu T. de Siqueira

Introdução:

As dores crânio-faciais são altamente prevalentes na população em geral e motivo freqüente de procura assistencial à saúde. A face é composta predominantemente pelo aparelho mastigatório e as doenças dos órgãos dentários, dos maxilares, dos músculos da mastigação e das articulações temporomandibulares (ATM) são causas freqüentes de dor facial e de cefaléias secundárias.
As dores odontológicas compõem predominantemente o grupo de síndromes álgicas amplamente reconhecido com a denominação de Dor Orofacial. Sob o aspecto clínico este grupo engloba dores provenientes dos dentes, boca e dos maxilares; sendo que estas dores têm diferentes origens teciduais e, a exemplo de outras áreas do organismo humano, elas podem ser de origem somática, neuropática e de anormalidades na área da saúde mental. Além disso, a face destaca-se pela presença de estruturas típicas como os dentes e seus anexos, pela complexidade anatômica em geral desse pequeno segmento do corpo, incluindo os diferentes aspectos da inervação trigeminal, pela presença da mandíbula como osso móvel e com duas articulações separadas e interdependentes e pela importância psicológica e social.
Para que os tratamentos em uso atual alcancem o sucesso deles esperado é indispensável o diagnóstico correto e o estabelecimento do objetivo de cada tratamento. Quando há causas, como na maioria das dores dentárias, é necessário eliminá-las através de tratamentos operatórios há muito em uso, embora, nestes casos várias medidas podem ser utilizadas para o controle da dor. Em outras situações, a exemplo das dores músculo- esqueléticas da face, amplamente conhecidas como Disfunções Temporomandibulares (DTM), as terapêuticas visam aliviar a dor e melhorar a função mandibular.
Portanto, para estabelecer a importância da acupuntura na dor orofacial deve-se conhecer uma classificação que permita diferenciar as diversas dores do segmento, para que possamos determinar qual o papel dessa técnica milenar em nossa abordagem terapêutica.


1) CONDIÇÕES ONDE A ACUPUNTURA PODE SER EFICAZ

1.1. Disfunção Temporomandibular (DTM)

As Disfunções temporomandibulares, comumente conhecidas como Disfunção da articulação temporomandibular (ATM), são anormalidades e dor proveniente do sistema mastigatório. Na verdade, o nome DTM é genérico e se refere a vários subgrupos de dores músculo-esqueléticas relacionadas à atividade mandibular e, portanto, engloba as condições dolorosas crônicas decorrentes dos músculos mastigatórios, das articulações temporomandibulares e das estruturas associadas.

Assim, basicamente, as Disfunções Temporomandibulares podem ser de origem:
- muscular
- articular
- mista

SINAIS E SINTOMAS QUE SUGEREM DTM DE ORIGEM MUSCULAR

a) dor
- normalmente em pressão ou cansaço, embora existam outras manifestações como pontadas, latejamento, queimação e espasmo.

- difusa em várias regiões da face como: ouvido, pré-auricular, face, fundo dos olhos, ângulo mandibular, nuca, têmporas. Pode espalhar-se às adjacências, normalmente é unilateral, eventualmente bilateral e freqüentemente migratória (ora um lado, ora no outro lado da face);

- nem sempre é desencadeada pelo movimento mandibular;

- dor muscular à palpação é fortemente sugestiva; presença de fibroses, endurecimento muscular e eventualmente pontos dolorosos.

b) A limitação de abertura bucal não é achado freqüente, exceto em casos agudos ou períodos de crises.

c) Irregularidades nos movimentos mandibulares.

d) Fatores perpetuantes: bruxismo, sinais de apertamento dentário, próteses irregulares ou mal adaptadas, respiração bucal, má postura cervical, estressores psicológicos, dores crônicas em outras partes do corpo.

e) Alterações oclusais (mordida aberta) ou faciais na fase aguda, ou em períodos de crises.

f) Alterações otológicas (zumbidos), eventualmente atribuídas ao bruxismo, ou à musculatura cervical.
SINAIS E SINTOMAS QUE SUGEREM DTM DE ORIGEM ARTICULAR

Algumas condições de dores articulares agudas podem ser aliviadas pela acupuntura, como a artralgia traumática. Neste caso, a dor é tipicamente unilateral, localizada e quase sempre relacionada à função mandibular. Quando aguda, ela pode ser acompanhada por edema na região pré-auricular, há hiperalgesia desta área e restrição do movimento mandibular. Com o passar do tempo, a dor aguda pode gerar sensibilização central, atividade muscular secundária e espalhamento da dor.

Os sinais e sintomas podem ser:
1) Dor: localizada na região pré-auricular, espontânea ou provocada, normalmente desencadeada pelo movimento mandibular
2) edema na região pré-auricular
3) limitação de abertura bucal
4) Irregularidade nos movimentos mandibulares
5) Travamentos da mandíbula à abertura ou fechamento bucal
6) Alterações oclusais (mordida aberta) ou faciais
7) ruídos articulares: estalidos ou crepitação
8) alterações otológicas (zumbido)

1.2. Diagnóstico diferencial

Estudo epidemiológico, realizado entre 45.711 famílias americanas não-institucionalizadas, em todas as faixas etárias, sobre a prevalência de dor orofacial indicou que 22% da população avaliada apresentara, nos últimos 6 meses, uma das seguintes dores: dor de dente, sensibilidade na mucosa oral, ardência bucal, dor na ATM e dor facial (LIPTON et al., 1993). Levantamento recente sobre as dores mais freqüentes na população brasileira indicou que lombalgia (65,9%), dor de cabeça tensional (60,2%), dores musculares (50,1 %), enxaqueca (48,6 %), dor de estômago (43,2 %), dor nas costas (41,2 %) e dor de dente (38,4%) constituíam-se nas principais queixas (CREMS, 1994). Estes dados confirmam, também entre o brasileiros, que o segmento cefálico é um dos locais de maior prevalência de dor, inclusive a de origem dentária e do segmento maxilo-mandibular. Isso se justifica porque a o segmento cefálico é uma região rica em estruturas anatômicas e sabe-se que sinais e sintomas de dor provenientes de fontes diferentes, podem se sobrepor (BRUNETTI & LIVEIRA, 1995; THOMÉ, 1993) gerando fenômenos dolorosos como a dor referida. Estes fenômenos secundários decorrentes da dor são freqüentes, ampliam a área dolorosa, dificultam a localização da dor (HARDY et al, 1950; INGLE et al, 1979) e consequentemente, o diagnóstico correto.

A acupuntura é um ótimo auxílio no estabelecimento do diagnóstico correto, pois ajuda na eliminação de dores provenientes destes fenômenos secundários, determinando uma terapêutica adequada para cada caso.

1.3. Diminuição no consumo de medicamentos

Nos casos de indivíduos que são acometidos por dores em região de face, é muito comum o consumo excessivo de medicamentos como analgésicos e antiinflamatórios, seja pela auto-medicação, seja pela receita profissional, dentista ou médico. A acupuntura, através do seu mecanismo de analgesia, colabora para a diminuição do consumo destes medicamentos. É também um ótimo auxílio no alívio imediato da dor pós-operatória em cirurgias odontológicas como de terceiros molares inclusos e diminuição do consumo de opióides em relação ao grupo controle (LAO et. Al, 1995). Isso é especialmente válido principalmente para os idosos ou pacientes que devido à sua condição de saúde, há necessidade de consumir vários medicamentos como os hipertensos, diabéticos, pacientes fibromiálgicos e outros.
2) CONDIÇÕES ONDE A ACUPUNTURA PODE NÃO SER EFICAZ

2.1. Odontalgias

Na odontologia clínica, parte significativa das urgências está relacionada à dor de dente, essencialmente provenientes de doenças da polpa e do periodonto. As pulpites são as principais causas de dor de dente; suas manifestações clínicas são extremamente variáveis e dependem do grau de comprometimento da polpa dentária. Estas condições são de natureza diversa, podendo ser: pulpites, sensibilidade dentinária, periodontites, pericementites, fraturas dentárias, odontalgia atípica, pericoronarite e alveolite.

A dor pode ser latejante, pontada ou em choque; contínua ou intermitente; pode ser provocada pela mastigação, por alimentos frios, quentes e doces, ou pode ser espontânea e quando em fase avançada de pulpite, é contínua, acordando o indivíduo à noite durante o sono.

Algumas condições de dores dentárias são de difícil diagnóstico, como as fraturas dentárias e a odontalgia atípica. As odontalgias difusas podem gerar dor espalhada em todo o segmento cefálico, levando a quadros semelhantes a algumas cefaléias primárias como a Cefaléia em Salvas e a Hemicrania Paroxística.

A acupuntura pode ser um coadjuvante, aliviando a dor aguda e espalhada como no caso da pericoronarite que devido à dor, gera limitação de abertura bucal e dor em músculos adjacentes. Mas a terapêutica em dores odontológicas é essencialmente operatória e, no caso das pulpites, consiste na eliminação parcial ou total da polpa dentária (ALVARES, 1990). Pode exigir uso concomitante de antiálgico ou antiinflamatório, principalmente no período inicial da cicatrização dos tecidos periapicais (fase inflamatória) e, quando há infecção periapical, a antibioticoterapia deve ser considerada, seja profilática ou terapêutica (SPALDING & SIQUEIRA, 1999).

2.2. Anormalidades da articulação temporomandibular

As anormalidades da articulação temporomandibular podem ser:
a) Anormalidades não inflamatórias (degenerativas) como a osteoartrose e deslocamento de disco articular (desarranjo interno da ATM)
b) Anormalidades inflamatórias como a artrite reumatóide
c) Fraturas
d) Tumores
e) Luxação
f) Anquilose
g) Hiperplasia de côndilo

Os sinais e sintomas que indicam alguma anormalidade da ATM são: alteração dos movimentos mandibulares, limitação da abertura bucal, dor articular à função mandibular, restrição de função, ruídos articulares e alterações radiográficas assintomáticas da ATM. Travamentos da mandíbula com a boca aberta e com a boca fechada. Eventualmente as doenças e anormalidades da ATM provocam alterações na oclusão dentária e no perfil facial.

A limitação de abertura bucal exige mais investigação. Deve-se inicialmente diferenciar a limitação de origem articular daquela de origem muscular.

A acupuntura pode aliviar a dor quando estiver presente, mas pouco efeito terá se alterações articulares estiverem associadas, ou seja, o deslocamento anterior de disco sem redução não pode ser tratado através da acupuntura porque existe um travamento mecânico da articulação que impede a abertura de boca. Mas dores musculares quando presentes, a acupuntura pode ser eficaz.

2.3. Dores neuropáticas

Entende-se como dores neuropáticas aquelas iniciadas ou causadas por lesão primária ou disfunção do sistema nervoso tanto central quanto periférico. A eficácia da acupuntura depende da integridade deste sistema e, portanto, qualquer alteração compromete o sucesso deste tratamento.

As dores neuropáticas em região de face mais comumente encontradas na odontologia são:

Neuralgia de trigêmeo: caracteriza-se por dor paroxística, ou seja, forte e de curta duração, como sensação de sucessivas pontadas, facadas, queimação, choques elétricos, relâmpagos, ou penetração de calor de forte intensidade no território de distribuição de uma ou mais divisões do nervo trigêmeo. Tem curta duração, instala-se e desaparece subitamente e reaparece a intervalos variados. Geralmente é profunda, mas pode ser superficial, especialmente quanto confinada ao lábio superior, supercílios ou regiões próximas à fronte e às pálpebras.

Neuropatia traumática: esta queixa de dor neuropática decorre da lesão do nervo durante procedimentos cirúrgicos. Nestes casos, as regiões mais susceptíveis na cavidade oral são na mandíbula e na maxila. Cirurgias de dentes inclusos na mandíbula podem provocar lesão do nervo alveolar inferior ou no nervo lingual e gerar parestesias. Em algumas situações elas podem evoluir para quadros de disestesia e de dor neuropática.

Referências bibliográficas:
1. ALVARES, S. Emergência em Endodontia. In: ALVARES, S. Fundamentos em Endodontia . Rio de Janeiro: Quintessence Publishing Co., 1990. p.49-61.

2. CREMS - Centro Rhodia de Estudos Médicos Sociais e Limay Bernard Krief. 1º Estudo Master em Dor. 1º SIMBIDOR, São Paulo, 1994.

3. BRUNETTI, RF; OLIVEIRA, W. Diagnóstico diferencial. In: BARROS, JJ; RODE, W. (Eds) Tratamento das disfunções craniomandibulares . São Paulo: Santos, 1995. p. 101-116.

4. HARDY, JD; WOLFF, HG; GOODELL, H. Experimental evidence on the nature of cutaneous hyperalgesia. J. Clin. Invest. , v.29, p.115-140, 1950.

5. INGLE, JI; GLICK, DH; SCHAFFER, D. Diagnóstico diferencial e tratamento das dores oral e perioral. In: INGLE, BEVERIDGE. Endodontia . 2ª ed. Trad. José Carlos Borges Teles. Rio de Janeiro: Interamericana Ltda, 1979. p.450-517.

6. LAO, L & WONG, RH. Efficacy of Chinese acupuncture on postoperative oral surgery pain. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. , v.79, p. 423-8, 1995.

7. LIPTON, JA.; SHIP, JÁ; LARACH-ROBINSON, D. Estimated prevalence and distribution of reported orofacial pain in the United States. J. Am. Dent. Assoc. , v.124, p.115-121, 1993.

8. SPALDING, M.; SIQUEIRA, JTT. Processos infecciosos buco-dentais: avaliação de uma estratégia terapêutica. Rev. Gaúcha Odont. , v.47, n.2, p.110-114, 1999.

9. THOMÉ, W. Dores referidas nas regiões orofaciais. Monografia apresentada à Comissão de Aprimoramento em Odontologia Hospitalar. Hospital das Clínicas, FMUSP, 1993.

Expressões inadequadas comumente usadas em odontologia.

Expressões inadequadas comumente usadas em odontologia.

Luiz Soares Vianna
Professor Emérito da FOUFMG

Expressões Inadequadas:

a) materiais dentários; departamento de materiais dentários; disciplina de materiais dentários; consultório dentário; clínica dentária; exame dentário.

b) doenças da boca; doenças dos dentes; doença periodontal; doença gengival.

c) cárie do esmalte; cárie da dentina; cárie do cemento; cárie superficial; cárie profunda; cárie proximal.

d) tratamento dos dentes; tratamento da polpa; tratamento periodontal; tratamento gengival; tratamento de canal ou endodôntico; tratamento ortodôntico; tratamento da maloclusão; tratamento da classe I; tratamento da classe II; tratamento da classe III; tratamento do lábio leporino; tratamento da fenda palatina; tratamento da língua bífida.

e) saúde da boca; saúde dos dentes; saúde física; saúde mental.

Justificativas:

a) A expressão material dentário diz respeito a tudo aquilo procedente do dente como, prismas do esmalte, pó de dentina, fragmentos da polpa, etc. Ao passo que a expressão material odontológico significa material empregado no exercício da odontologia como, por exemplo, cimento, porcelana, óxido de zinco, etc.

Por isso, as expressões Departamento de Materiais Dentários e Disciplina de Materiais Dentários (muito usadas nas escolas de odontologia deveriam ser substituídas por Departamento de Materiais Odontológicos e Disciplina de Materiais Odontológicos).

Comprovação:
1) Através de resíduos de materiais dentários foi possível provar a identidade de um dos astronautas do Columbia.
2) A loja X vende materiais odontológicos nacionais e importados.

A expressão: consultório dentário, não tem sentido e exame dentário é um procedimento restrito ao dente. O correto seria exame odontológico porque inclui a anamnese e os exames complementares.

b) O conceito de doença não permite o uso dessas expressões porque não existe doença local. Toda doença é geral e acomete a pessoa como um todo. A cárie dentária é uma doença geral como qualquer outra e se expressa sob a forma de lesão cariosa. A lesão cariosa é que pode atingir o esmalte, a dentina, o cemento e a polpa, como também incidir em qualquer face do dente de forma superficial ou profunda. Portanto, devemos dizer: lesão cariosa do esmalte, lesão cariosa da dentina, lesão cariosa proximal, lesão cariosa superficial, lesão cariosa profunda.

c) Essas expressões contrariam o conceito de doença. O segundo Princípio da Medicina Psicossomática informa: não existe doença local, toda doença é geral e acomete o indivíduo como um todo. Assim, qualquer parte do organismo pode estar lesada, mas não doente. Quem fica doente é a pessoa.

Trata-se do paciente, ou da doença, da lesão, da infecção, ou do tumor, etc., mas não de órgãos ou de partes do organismo. A doença cárie dentária se expressa sob a forma de lesão cariosa nos dentes. Seria, pois, correto dizer: tratamento da lesão cariosa superficial, da lesão pulpar, da lesão gengival, da lesão periodontal.

d) Os problemas ortodônticos não devem ser considerados como doença, mas sim, como anomalias e as anomalias não são tratadas, mas, corrigidas. Por que? Porque na doença não existe apenas “pathos” (sofrimento), mas também “ponos”, isto é, a luta do organismo para restabelecer a normalidade, e, isso não acontece nos problemas ortodônticos.

Segundo Hans Selye, o conceito de doença pressupõe um choque entre forças agressivas e nossas defesas.

Também o lábio leporino, a fenda palatina, a língua bífida não são doenças, são anomalias, por isso, devem receber uma correção e não tratamento.

e) Saúde é um estado da pessoa e não de órgãos ou de partes do organismo, por isso, não pode ser dicotomizada em saúde da boca, saúde dos dentes, saúde das gengivas, etc.

Observação:

Tenho recebido a colaboração de colegas acrescentando outras expressões inadequadas como:

• A expressão cavidade bucal é usada erradamente quando se deseja determinar o local de uma alteração patológica. Sabemos através do dicionário Aurélio última edição, que essa expressão em anatomia patológica, significa local oco. Torna-se mesmo impossível imaginar um tumor num local oco. A denominação mucosa bucal ou mesmo boca segundo o saudoso Prof. Tommasi é a mais correta.

• Outra expressão errada que é muito utilizada é a de Patologia para significar doenças. Segundo Aurélio Patologia é um ramo da medicina que se ocupa da natureza e das modificações estruturais e/ou funcionais produzidas por doença no organismo. O correto é dizer alterações patológicas.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Insônia familiar fatal (IFF)

Insônia familiar fatal

A insônia familiar fatal (ou IFF) é uma patologia neurovegetativa, geneticamente transmitida, que produz um grande sofrimento e que não tem um tratamento ou cura.

As alterações do sono, provocadas pela doença, a principio não são reconhecidas, devendo o médico aprofundar-se nos detalhes familiares e no prontuário do paciente. As mudanças cognitivas tardias incluem um estado de confusão mental que desembocará em um quadro de demência, e por fim na morte.

Os homens iniciam este quadro por volta dos 50 anos, sendo que a maioria dos casos ocorre entre os 20 e os 61 anos de idade.

A duração típica da IFF é de 7 a 36 meses, com uma média de duração de 18 meses.
Índice

* 1 Diagnóstico
o 1.1 Qual é a explicação para a doença?
* 2 Tratamento
o 2.1 Como a insônia pode levar à morte?

Diagnóstico

O diagnóstico se baseia na historia do paciente e também na historia familiar. Os casos são graves, de duração moderada, levando invariavelmente à morte em um período de aproximadamente 1 ano. Durante o período de maior sintomatologia o paciente apresenta demência, tremores musculares e dificuldade em caminhar. Não é uma doença genética associada ao sexo. É rara em pacientes de origem asiática, sendo que o primeiro caso de Insônia Familiar fatal em chineses foi descrito somente em 2004.

Exames laboratoriais nem sempre estão disponíveis. O Eletroencefalograma (EEC) mostrará alterações, sendo que foram descritos pacientes que aparentam estar dormindo, mas ao EEC permaneciam "acordados".
Qual é a explicação para a doença?

As alterações cerebrais incluem uma degeneração talâmica, cerebelar e do córtex cerebral. Essa degeneração resulta do acúmulo anormal de uma proteína, a PrPres no cérebro. Existem duas explicações para a degeneração cerebral, provocada por esta proteína: ou apenas certas partes do cérebro são afetadas por ela, já que outros setores cerebrais não se manifestam na doença ou ela alteraria outra proteína, a PrNP, que seria a responsável pela proteção cerebral e conseqüentemente o cérebro estaria vulnerável. Em animais observou-se que a PrP é uma proteína que é necessária para o sono.

Na IFF o sono vai reduzindo progressivamente, até que ocorra uma redução total da sua duração e uma desorganização intensa do ciclo de organização do sono.

O ritmo circadiano do sono envolve uma substancia, a melatonina, que vai desaparecendo aos poucos nessa doença, até finalmente extinguir-se. A somatotrofina também mostra uma diminuição semelhante, até desaparecer, quando ocorre a perda do sono profundo. Somente a prolactina, que também influencia no sono mantém seu ritmo inalterado.
Tratamento

A literatura clinica não relata um tratamento definitivo. Além de tratamentos paliativos, as intervenções se baseiam no fato de que alguns sintomas podem ser secundários à insônia, e outros resultam diretamente da doença. Estratégias resultantes de tentativas podem projetar o sono e aumentar posteriormente o estado de alerta.

As intervenções tentadas incluem suplemento com vitaminas, narcolepticos, anestesia, estimulantes, deprivação sensorial, exercícios, tratamentos à base de luz, hormônio do crescimento e tratamentos com eletrochoques.

Os tratamentos existentes na atualidade, para a FFI, são apenas paliativos. Sedativos e benzodiazepínicos foram tentados sem sucesso. Tentativa de tratamento com gama hidroxibutirato (GHB), tiveram sucesso apenas temporário. Durante o tratamento o paciente mostrou melhor coordenação e um estado permanentemente mais alerta.

O tratamento da insônia, com certeza, mesmo que levando apenas a uma melhora discreta, pode influenciar positivamente o paciente, melhorando a qualidade de vida dos seus dias restantes.

O prognóstico destes pacientes é que o paciente, portador desta patologia, geralmente supera a media de tempo de sobrevivência sem dormir, em mais ou menos 1 ano, tempo que é suficiente para escrever um livro ou dirigir com sucesso centenas de kilometros.

A conclusão dos tratamentos tentados, leva a um aumento do tempo de vida durante a doença, embora não exista uma prevenção, nem previsão da morte. Espera se que algum destes métodos possa inspirar terapias futuras.
Como a insônia pode levar à morte?

A causa precisa da morte, em pacientes com FFI, ainda não está clara. Embora as alterações degenerativas cerebrais falem a favor de uma morte tardia, o quadro ainda não está totalmente esclarecido. Pode ser que a insônia determine alterações de certas funções, que são de realização automática pelo cérebro, e que isso leve à morte do portador de FFI, mesmo sem a presença de degenerações cerebrais importantes. A existência desta possibilidade abre caminho pra que um tratamento mais agressivo da insônia seja estabelecido, e que isso possa prolongar a vida do paciente.

Os benefícios do sono já foram demonstrados tanto em humanos quanto em animais. Em animais, a privação total do sono resultou em morte, em torno de 4 a 6 dias para os filhotes e 2 a 4 semanas para camundongos. A morte é precedida por perda de peso, mesmo se o paciente estiver se alimentando, fraqueza, diminuição da ação do hormônio tireoidiano, maior atividade do sistema simpático e menor resistência à infecção.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fator RH numa gestação

O que é o fator Rh, e como ele afeta minha gravidez?

* Qual é meu fator Rh?
* Como o sangue do bebê entra no meu sangue?
* É possível evitar a presença dos anticorpos anti-Rh?
* Como vou saber se tenho os anticorpos anti-RH?
* O que acontece quando o bebê nasce?

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Pontos principais: Seu médico vai verificar qual é seu fator Rh durante a gravidez para evitar a formação de anticorpos que ataquem o sangue do bebê.

Qual é meu fator Rh?

No início do pré-natal, o médico vai pedir vários exames de sangue de rotina, e um deles é o de tipagem sanguínea, para descobrir qual é seu grupo sanguíneo (A, B, AB ou O) e se você é fator Rh positivo ou negativo. Quem é Rh positivo possui uma proteína chamada antígeno D na superfície dos glóbulos vermelhos. Quem não tem esse antígeno é Rh negativo.

A maioria das pessoas é Rh positivo, mas a frequência varia de acordo com a raça. Entre a população caucasiana mundial, a proporção é de 85 por cento, mas ela é de 94 por cento entre os africanos e de cerca de 90 por cento entre os asiáticos. No Brasil, por volta de 95 por cento da população é Rh positivo.

O fator Rh só é importante na gravidez se a mãe for Rh negativo e o bebê for Rh positivo (a criança pode herdar essa característica se o pai for Rh positivo). Se o sangue do bebê entrar na sua corrente sanguínea, seu sistema imunológico pode reagir contra o antígeno D do sangue do bebê, como se ele fosse um "invasor", e produzir anticorpos contra ele.

Esse fenômeno é conhecido como "sensibilização" e, embora normalmente não cause problemas numa primeira gravidez, se você ficar grávida de novo e o bebê também for Rh positivo, os anticorpos do seu sistema imunológico podem atravessar a placenta e atacar as células do sangue do bebê, provocando anemia, icterícia ou, em casos mais graves, insuficiência cardíaca ou hepática na criança. O problema recebe o nome de doença hemolítica perinatal, ou eritroblastose fetal.

Como o sangue do bebê entra no meu sangue?

Em determinadas circunstâncias, o sangue do bebê pode se misturar com o seu, provocando a sensibilização:

• Se você tiver uma gravidez ectópica, ou tubária

• Em caso de sangramento vaginal ou aborto espontâneo após 12 semanas de gravidez

• Na realização de exames invasivos como a biópsia do vilo corial ou a amniocentese

• Se você sofrer um forte impacto na barriga durante a gravidez

Durante o parto, é muito provável que seu sangue e o do bebê entrem em contato, especialmente em caso de cesariana, de um parto normal difícil ou de remoção manual da placenta.

É possível evitar a presença dos anticorpos anti-Rh?

Se você produzir os anticorpos uma vez, eles permanecerão para sempre no seu sangue, por isso é importante evitar que eles sejam produzidos. Felizmente é possível fazer isso com uma substância chamada imunoglobulina anti-D, que é dada na forma de injeção muscular, normalmente na coxa.

Essa espécie de vacina age destruindo rapidamente qualquer célula do bebê que esteja na sua circulação, antes que você comece a produzir anticorpos. Isso significa que você não terá anticorpos que possam causar a eritroblastose fetal, nem nesta gravidez nem nas posteriores.

A vacina anti-D vem sendo usada há muitos anos, e pode ser aplicada sempre que houver alguma possibilidade de sensibilização.

Se você já possui os anticorpos (o que pode ser verificado num exame de sangue), não receberá a vacina, porque ela só tem utilidade para evitar a fabricação de anticorpos -- não destrói os que já existam.

Como vou saber se tenho os anticorpos anti-RH?

Seu médico vai pedir um exame de sangue logo que você engravidar, para verificar a presença de anticorpos, e um novo exame por volta de 28 semanas de gravidez. Se forem detectados anticorpos, sua gestação será monitorada para detectar possíveis sinais de anemia no bebê.

O que acontece quando o bebê nasce?

Logo depois do nascimento, é realizado um exame de sangue no bebê para determinar o tipo sanguíneo e o fator Rh. A amostra de sangue é tirada do cordão umbilical.

Se o bebê for Rh positivo, você receberá outra injeção de imunoglobulina anti-D. Ela deve ser aplicada no máximo até 72 horas após o parto para que sua resposta imunológica não seja acionada. Seu sangue também será testado logo depois do parto para detectar a presença de anticorpos.

Caso sejam encontradas grandes quantidades, pode ser necessária uma dose maior de imunoglobulina anti-D. Se o bebê for Rh negativo como você, a vacina não será necessária.

No caso de eritroblastose fetal já instalada, ou seja, se não tiverem sido tomados os cuidados de prevenção durante a gestação, o tratamento no bebê inclui transfusões de sangue.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Estudos feitos com embrião são só uma "aposta", diz biólogo

Estudos feitos com embrião são só uma "aposta", diz biólogo

Com a anuência do Supremo Tribunal Federal, o Brasil pode agora, enfim, "apostar" nos estudos com células-tronco embrionárias. Essa é perspectiva para grupos de pesquisa nacionais de biologia molecular, diz o neurocientista Stevens Rehen, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ele é um dos dois pesquisadores que tentam, dentro do país, cultivar células-tronco retiradas de embriões humanos.

Não há certeza ainda, porém, de que elas renderão novas terapias. "É uma aposta, mas uma aposta fundamentada. E pode ser que todo mundo dê com os burros n'água daqui a alguns anos", disse o pesquisador à Folha. De acordo com Rehen, depois de o Supremo ter validado a Lei de Biossegurança, o que vem agora chega até a "assustar", por ser muito novo.

"Mas a ciência avança assim. Que bom que podemos apostar nisso. O Brasil sempre fica a reboque, como ocorreu com o Projeto Genoma, quando entramos tarde no processo", diz o cientista, que calcula que o Brasil terá sua linhagem de células próprias em até dois anos.

O fato de as pesquisas com células embrionárias estarem liberadas para embriões congelados antes de 2005 traz um certo alívio, mas está muito longe de resolver o problema. Segundo o cientista carioca, esse material congelado há alguns anos, "falando friamente", não é o ideal. "Não quer dizer que seja impossível [retirar as células desses embriões], mas o desafio passa a ser maior".

Além das complicações intramuros na bancada dos laboratórios, diz Rehen, no campo político o Brasil tem de escolher um modelo estratégico que não desperdice recursos financeiros para gerar os insumos de pesquisa necessários.

"Não precisamos de 50 laboratórios no Brasil produzindo células-tronco embrionárias. Se tivermos um ou dois que gerem linhagens celulares suficientes para pesquisadores de qualquer parte do Brasil está bom", afirma. "Não dá para querer gerar um cultura de célula em cada esquina."

Em paralelo à ação orquestrada do governo, o neurocientista da UFRJ também defende uma postura diferente da própria comunidade científica.

Gente em falta

Para Rehen, os cientistas brasileiros precisam colaborar mais. "Não tem de ter sonegação de informação científica. É o momento de abrirmos as portas do laboratório para que mais pessoas possam trabalhar. Se não houver um esforço coletivo, nada vai avançar", diz.

O número relativamente reduzido de cientistas atualmente no Brasil, apesar de muitos dos biólogos serem bem qualificados, é outro gargalo que precisa ser resolvido, diz o neurocientista. Rehen trabalha especificamente tentando fazer com que o material celular embrionário possa ser diferenciado em neurônios. As células dele vieram dos EUA.

"O mais importante agora, também, é formar mais gente. Nem adianta fazer como a Califórnia, investir até US$ 3 bilhões em projetos de pesquisa, porque não teremos grupos para usar todos esses recursos".

Segundo Rehen, os R$ 21 milhões anunciados pelo governo federal para todos os estudos com células-tronco, inclusive as adultas, é razoável. "A idéia do trabalho em rede é boa porque permite investir com profissionalismo", diz.

Mesmo ainda sem muitos grupos envolvidos diretamente com as células-tronco embrionárias --projetos de ponta existem em locais como a UFRJ, USP (Universidade de São Paulo), Unesp (Universidade Estadual Paulista) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)- o Brasil, segundo Rehen, não pode ser rotulado como atrasado. "Principalmente se formos comparar com todo o hemisfério Sul, com exceção da Austrália", diz.

O atraso em relação aos EUA e a alguns países da Europa, como a Inglaterra, é histórico, afirma o pesquisador.
No Reino Unido, por exemplo, a discussão nos tribunais também está mais avançada. A Corte, lá, acaba de liberar o uso de embriões híbridos, que têm material humano e de vaca. "Aqui nós estamos discutindo coisas anteriores ainda", diz Rehen, que já antecipa uma dor de cabeça legal que pode surgir no futuro para os ministros do STF resolverem.

"Imagine se nessas pesquisas com células reprogramáveis um material de pele se transformar em um espermatozóide. Será possível gerar um filho sem que o pai saiba, ou seja, a partir da pele de alguém."

No caso brasileiro, Rehen não tem dúvida de que o componente religioso e conservador surgiu nos debates do STF pois no imaginário coletivo existe uma ligação entre as células-tronco e o aborto. "Diretamente, não tem nada a ver."

Para resolver isso, diz o cientista da UFRJ, a solução é aumentar a cultura científica da população. "É mais uma questão de formação básica mesmo, que precisa melhorar."